Por que o PT quer reinterpretar a Bíblia?
Após derrota para Jair Messias Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais, PT almeja cooptar voto evangélico para capturar prefeituras.
POLÍTICA
Por Thaiane Firmino
Foto: Veja
Após criar núcleos evangélicos em seus diretórios estaduais, o Partido dos Trabalhadores (PT) passou a investir pesado na cooptação de lideranças protestantes para seu reduto político. A maioria delas, porém, possui pouca expressividade no cenário cristão nacional. A ideia da sigla é atrair eleitores através da reinterpretação da Bíblia de acordo com a visão política de esquerda. Para que você entenda os melindres que envolvem o projeto, continue acompanhando a série especial que o Repórter Nacional preparou.
A Bíblia
Livro base da fé cristã, a Bíblia é composta por 66 livros e trata sobre criação, leis civis e morais, relacionamento, educação, segurança, saúde, higiene, entre outros temas. Subdividida em Antigo e Novo Testamento, o escrito funciona como um manual de vida para os cristãos e, por isso, é entendida como a verdade revelada de Deus. Também conhecida como Sagradas Escrituras, permanece como o livro mais lido de todos os tempos.
Para os que professam a fé cristã, a Bíblia é totalmente inspirada por Deus e, por isso, é a única regra de fé e prática. Organizada por seções, o escrito é composto pelo pentateuco, livros históricos, poesia, livros de sabedoria, poemas, ditados, conselhos, profecias, biografias, cartas e apocalipse. As partes se complementam entre si e, portanto, há fidedignidade quando às informações e proposições ali dispostas. Logo, qualquer tentativa de modificar seu eixo central configura-se como adulteração, uma vez que compreender a Bíblia vai além de interpretar seus textos de forma isolada.
Para o PT, no entanto, isso parece não ser um problema. De olho nas prefeituras e impelido por mais uma sórdida manobra eleitoreira, o partido tem elaborado articulações para garantir votos de evangélicos nas próximas eleições. De acordo com carta divulgada pela sigla, o intento é "contribuir na construção de modos de leitura e de interpretação da Bíblia". O documento, porém, mascara as pérfidas intenções dos líderes petistas ao citar que o objetivo é “fortalecer espaços de atuação e formação de evangélicas e evangélicos, filiadas, filiados e simpatizantes ao PT; apoiar, participar e dialogar com movimentos sociais; criar espaços de acolhimento, inclusão e afeto para todas as pessoas, especialmente aquelas em sofrimento".
Há coerência em ser cristão e defender a esquerda política?
Não. A não ser que o indivíduo não tenha compreendido o cerne das Escrituras Sagradas e mantenha-se afastado dos princípios basilares da fé cristã. Cristianismo e esquerdismo são antagônicos. O marxismo retira Deus do primeiro lugar, enxerga parte da criação como intrinsecamente má, e se apresenta, falsamente, como redentor - já que acredita que ao homem é possível a autorredenção. O cristianismo, por sua vez, é teocêntrico e entende que Jesus é o filho unigênito de Deus que foi enviado pelo Pai para pagar o preço pelos pecados da humanidade. Logo, para a fé cristã, Cristo é o único redentor.
Raízes da esquerda
O marxismo é um conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais que foi elaborado e desenvolvido pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, em meados de 1848. Em síntese, seu objetivo principal era a substituição do capitalismo pelo comunismo, através da utilização de armas para a tomada de poder por parte do proletariado. Depois da Segunda Guerra Mundial, através de um golpe de Estado consolidado via guerra civil, as ideias de Marx foram implantadas na Rússia e ficou evidente que o socialismo - etapa que, segundo ele, antecede a instalação do comunismo - é um fiasco. Embora tivesse prometido igualdade, segurança e prosperidade, o esquerdismo proporcionou aos russos apenas tirania, penúria e pobreza. Nos dias atuais, isso também pode ser percebido em países como Venezuela, Cuba e Bolívia.
Posteriormente, ao identificar que a maior parte do proletariado não estava imersa na suposta luta de classes proposta por Marx, Antonio Gramsci fez uma renovação da metodologia comunista e deu origem ao chamado neomarxismo ou marxismo cultural. Gramsci concordava com Marx sobre tomar o poder através da revolução, no entanto, defendia que a mesma não fosse realizada com as armas, mas através da introjeção de conteúdos revolucionários na mente dos cidadãos. Para isso, afirmou ser necessário a criação dos “intelectuais orgânicos” - indivíduos que propagam os interesses do esquerdismo durante o exercício natural e cotidiano de suas profissões. Entre eles estão professores, jornalistas, artistas, escritores, entre outros.
Portanto, entre os objetivos do marxismo cultural está a “realfabetização” das mentes com conteúdo revolucionário nas mais diversas esferas (jurídica, científica, religiosa, política, econômica e artística), na iminência dos indivíduos passarem a pensar como marxistas sem perceberem. Assim, o marxismo cultural busca sua implementação em longo prazo, de forma sorrateira e abrangente. A estratégia de poder do neomarxismo intenta acabar com os valores judaico-cristãos, considerados como entraves para a disseminação das ideias de esquerda.
Outro ponto que colabora com a disseminação do marxismo cultural está alicerçado no compromisso assumido pelos pensadores da Escola de Frankfurt. A incumbência adotada consistia em levar adiante a ideia de Gramsci para formação do "bloco histórico" com o objetivo de alcançar uma hegemonia cultural. A partir daí, destruir as tradições familiares, religiosas, políticas e jurídicas seria questão de tempo. E isso, vale lembrar, também está em total discordância com os ensinamentos bíblicos (Gênesis 2.24; Mateus 22. 16-21; Efésios 5.33; Provérbios 22.6; entre outros).
No livro 'A Personalidade Autoritária' - resultado de estudos realizados pela Escola de Frankfurt que faziam associação entre Karl Marx e Sigmund Freud - Theodor Adorno aponta que os valores dos indivíduos, da cultura e das sociedades ocidentais devem ser avidamente criticados com o objetivo de desconstruí-los. Há lógica similar nos escritos de Jacques Derrida que, também no âmbito do marxismo cultural, traz à tona aquela ideia retrógrada do relativismo. Entre outras estratégias da esquerda para desconstrução dos valores estão a “virada linguística” e o “sócio-construtivismo”.
Marxismo e neomarxismo/marxismo cultural, portanto, continuam tendo o mesmo objetivo: destruir a crença em Deus. Por quê? Porque Deus é o entrave que os impede de desorganizar, subverter e destruir a cultura e as tradições.
Entenda a manobra eleitoreira do PT para as próximas eleições.
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Reviewed by Thaiane Firmino
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quarta-feira, janeiro 22, 2020
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