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O que está por trás do site The Intercept Brasil?



Quando o jornalismo abandona o profissionalismo só consegue propagar ativismo. Aí, deixa de ser jornalismo e se torna militância.

  INTERNACIONAL  
Por Thaiane Firmino

Após divulgar documentos secretos da National Security Agency (NSA), Glenn Greenwald deixou o jornal britânico The Guardian e fundou o site The Intercept. O projeto, travestido de jornalismo, é financiado pelo bilionário francês de origem iraniana e fundador do site de leilões eBay, Pierre Omidyar. No Brasil, o sítio ganhou notoriedade após a divulgação de supostas conversas entre o atual Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e demais integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato.

O The Intercept é apenas mais um dos investimentos de Omidyar em projetos de esquerda. Em 2016 o bilionário doou US$ 100 mil para um grupo que se opôs à candidatura de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos da América (EUA), o NeverTrump PAC. O Comitê de Campanha do Congresso Democrata e o Comitê de Campanha Democrática do Senado dos EUA também recebem doações do empresário, que em 2008 financiou campanhas de candidatos do Partido Democrata, incluindo Hillary Clinton e Barack Obama, durante as primárias presidenciais do partido.

Omidyar é fundador da First Look Media, que reúne diversas publicações de esquerda. Com fortuna avaliada em US$ 13,7 bilhões, o empresário mascara seus investimentos ideológicos afirmando que é defensor do jornalismo independente. "Quero encontrar maneiras de transformar os leitores tradicionais em cidadãos engajados. Acredito que há mais coisas que podem ser feitas neste espaço e estou ansioso para explorar as possibilidades", declarou em 2013. No entanto, apenas a mídia progressista viu com bons olhos o envolvimento dele no jornalismo. “Não consigo pensar em ninguém que possa ser melhor para o ecossistema de jornalismo emergente do que Pierre”, defende o escritor e colunista norte-americano, Dan Gillmor.

Já para o autor do livro "Surveillance Valley: The Secret Military History of the Internet”, Yasha Levine, as polêmicas sobre o envolvimento de empresas de tecnologia do Vale do Silício com agências militares e de inteligência americanas não deveriam excluir das investigações a eBay de Omidyar. Segundo ele, o empresário “tem estado na vanguarda da construção de um aparato global de vigilância público-privada do Vale do Silício e trabalhou, silenciosamente, para expandir o modelo de estado de vigilância privatizado do eBay para além das vendas online, chegando às eleições, mídia, transporte, educação, finanças e administração do governo”.

A Omidyar Group financia centenas de startups, empresas e organizações sem fins lucrativos em todo o mundo. Entre elas estão a Sunlight Foundation, uma instituição de esquerda que também recebe aporte financeiro de fundações liberais como o Rockefeller Family Fund, Knight Foundation e Bloomberg Family Foundation. A rede do empresário também patrocina a Tides Center, a Brennan Center for Justice e a Open Society Foundations, do magnata George Soros. Outro grupo fundado pelo bilionário é o Democracy Fund que distribui doações e fundos para grupos políticos e de jornalismo, como o Aspen Institute e o Millennial Action Project.

The Intercept no Brasil

As sucessivas aparições de Glenn Greenwald afirmando que existiam denúncias bombásticas a serem feitas pelo The Intercept Brasil contra o ex-juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, se contradiziam com os arquivos publicados pelo site. O material, por assim dizer, se mostrava unilateral, sobretudo em razão da seletividade da espionagem, a qual só pôs como alvo agentes da lei que investigaram, processaram e condenaram corruptos. Em muitos casos, não custa lembrar, esses agentes conseguiram, inclusive, reaver o dinheiro roubado dos cofres públicos.

Se no site The Intercept a parcialidade foi evidente, no âmbito da Lava Jato - operação mais detestada pelos esquerdistas - as denúncias não foram seletivas. Inúmeros partidos foram citados, investigados e condenados. Além do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus aliados, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), sigla que os mais ingênuos consideram como de oposição à esquerda, também está incluído na operação.

Antes de publicados, dados e informações precisam ser investigados pelo jornalista, independentemente das fontes. Se não o forem, a prática não é jornalística. Sem checagem, não há jornalismo, mas ativismo político. No caso específico do The Intercept Brasil, ninguém precisou acusar Glenn Greenwald de charlatanismo, porque o desenrolar dos fatos está se encarregando de trazer isso à tona. O hacker Walter Delgatti confessou ter enviado os arquivos ao jornalista - que agora também pode ser considerado receptor de material roubado.

Em uma democracia a militância não é crime. Porém, se esconder sob a égide do jornalismo para praticá-la é, no mínimo, antiético.
O que está por trás do site The Intercept Brasil? O que está por trás do site The Intercept Brasil? Reviewed by Thaiane Firmino on sexta-feira, agosto 02, 2019 Rating: 0

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