Alfabetização inadequada leva crianças aos consultórios terapêuticos
Segundo fonoaudióloga, cerca de 80% dos casos encaminhados como disfunções neurológicas e transtornos funcionais são, na verdade, falta de alfabetização.
EDUCAÇÃO
Por Thaiane Firmino
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Foto: Gazeta do Povo |
De acordo com a fonoaudióloga e especialista em distúrbios da leitura, Ana Luiza Navas, 80% dos casos que chegam em seu consultório não se confirmam como disfunções neurológicas ou transtornos funcionais. “Descobrimos que elas têm dificuldade porque nunca foram ensinadas adequadamente. Muitas crianças são encaminhadas para a terapia, mas, na verdade, não precisariam estar lá. O problema poderia ter sido resolvido na própria escola, com uma alfabetização adequada. Muitas vezes, quando elas vêm para a saúde, o que fazemos é simplesmente realfabetizar”, disse a profissional, que também é professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, em São Paulo.
Sem desconsiderar que uma pequena parcela das crianças no Brasil têm dificuldades neurológicas que dificultam o aprendizado, Navas alerta que os aspectos sociais contribuem para os níveis insuficientes de leitura e escrita no país. Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro em 2016, cerca de 30% da população brasileira nunca comprou um livro. Entre os que lêem, a média é de apenas 2,13 exemplares por ano. “Hoje em dia, as crianças têm uma linguagem muito empobrecida, os pais já não conversam com elas, ninguém lê mais livros. Isso tudo contribui para essa situação”, finalizou a fonoaudióloga, que recentemente foi indicada para fazer parte do Painel de Especialistas da Conferência Nacional de Alfabetização Baseada em Evidências (CONABE).
Alfabetização inadequada leva crianças aos consultórios terapêuticos
Reviewed by Thaiane Firmino
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sexta-feira, setembro 13, 2019
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