Com o maior programa ferroviário dos últimos 100 anos, governo quer mudar matriz do transporte brasileiro
Investir em ferrovias tende a otimizar a logística de escoamento de matérias-primas e produtos.
POLÍTICA
Por Thaiane Firmino
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Foto: Gazeta |
Produtores das regiões central e norte do Brasil contam com nova opção para o escoamento da produção até os portos do Arco Norte. A assinatura do contrato de concessão do trecho entre Porto Nacional (TO) e Estrela D’Oeste (SP) da ferrovia Norte-Sul, ocorrida no último dia 31, representa o fim do monopólio do transporte terrestre, encarecido em razão do tabelamento dos fretes rodoviários. Comparado com outros tipos de modais, as vias férreas facilitam o deslocamento de grande quantidade de cargas a granel, principalmente produtos sólidos como matérias-primas (soja, cereais e feijão) e cimento.
A expectativa dos produtores é que o custo do transporte das cargas fique até 15% mais barato, dependendo da política de preços que será adotada pela Rumo Logística, operadora que ganhou o direito de operar o trecho através de leilão realizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no mês de março. "Se o custo do frete ferroviário for mais barato, pode ter certeza de que em uma safra o produtor já vai começar a operar pela ferrovia e a coisa vai fuir”, afirmou o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho (APROSOJA) de Goiás, Adriano Barzotto.
Segundo o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, o governo federal quer mudar a matriz do transporte brasileiro para que os trens possam fazer trechos de longa distância. Em países como os Estados Unidos da América (EUA), por exemplo, o transporte ferroviário tem destaque. Com mais de 220 mil quilômetros de trilhos com o mesmo padrão, a locomoção do trem por diferentes regiões é possibilitada. Ao fazer referência ao planejamento do ministro, o secretário de Comércio norte americano, Wilbur Ross, afirmou que está “muito impressionado com o nível de detalhes e os planos de muito curto prazo”.
Dados divulgados em 2018 pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontaram que dos 28.218 quilômetros da malha ferroviária que o país possui, 8,6 mil quilômetros se mantiveram abandonadas nas últimas décadas. “O Brasil fez uma opção rodoviarista nos anos 1960. A rodovia é um modal eficiente, mas quando se pensa em curtas e médias distâncias. As ferrovias, que demandam mais tempo de maturação e investimento, acabaram ficando para trás”, explica o especialista em políticas e indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Matheus de Castro.
De acordo com a Confederação Nacional do Transporte (CNT), em 2017 pouco mais de 20% das empresas brasileiras optaram pelo transporte ferroviário. O principal motivo foi o baixo investimento estatal na modernização do setor. A falta de padronização dos trilhos, a dependência de outros tipos de transporte para que a carga chegasse ao destino final e a nula previsão para construção de novas ferrovias foram apontadas como fatores desestimulantes.
Com o maior programa ferroviário dos últimos 100 anos, governo quer mudar matriz do transporte brasileiro
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segunda-feira, agosto 05, 2019
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