Massacre diário na Nigéria

Comumente, pessoas são obrigadas a descer dos ônibus e, ao confessarem acreditar em Jesus Cristo, são assassinadas e esquartejadas.

  INTERNACIONAL  
Por Thaís Firmino

Foto: Organização Portas Abertas

Não é difícil constatar que destruições e assassinatos executados por grupos terroristas islâmicos desapareceram da mídia. As poucas manchetes que circulam tratam da perda de território por parte dos extremistas no Oriente Médio, o que resulta na dispersão e penetração deles em diversos países, principalmente na África Subsaariana. As ações do islamismo radical, aliadas aos conflitos regionais e locais, resultam no crescente número de mortes de cristãos no norte e centro da Nigéria.

Segundo o pastor N., responsável por igreja evangélica no país, os muçulmanos da localidade agem, incansavelmente, contra o cristianismo. “Eles matam cristãos todos os dias. Os muçulmanos vão para as igrejas cristãs vestidos com roupas compridas, sentam-se em lugares estratégicos e, durante o culto, detonam bombas e destroem as igrejas e seus membros. Vão para comunidades onde moram os cristãos, batem nas portas das casas no meio da noite e, quando eles abrem, cortam suas gargantas com facas. Mulheres cristãs grávidas são mortas e seus filhos são retirados de suas barrigas e executados. Nas estradas, muçulmanos armados param os ônibus, mandam os cristãos descerem e, então, perguntam: “você é cristão?”. Quando respondem “sim”, eles atiram em todos e os esquartejam”, contou.

Assassinatos de famílias inteiras, como os ocorridos em subúrbios da cidade de Jos, em junho de 2018, fez com que denúncias começassem a ser registradas. Em apenas um fim de semana cerca de 230 cristãos foram mortos. Algumas agências de notícias e a empresa de comunicação British Broadcasting Corporation (BBC), no Reino Unido, mencionou o fato. Ainda assim, na tentativa de impedir a visão internacional sobre a crise, a informação divulgada considerou que o número total de mortos foi 86. A partir de então, a existência de campanha para limpeza étnico-religiosa foi constatada. Contudo, de forma irresponsável, os dados são camuflados pelas autoridades.

Na Lista Mundial da Perseguição 2019, divulgada pela Organização Portas Abertas (OPA) - que atua em mais de 60 países há 40 anos - a Nigéria já está classificada como nação onde há perseguição severa aos cristãos. A escala da entidade utiliza os níveis alto, severo e extremo para classificar o cenário. Ano passado, 11 países entraram para a categoria extrema. Cinco anos antes, no entanto, somente a Coreia do Norte pertencia ao grupo. No país, onde vigora a ditadura comunista, quando o indivíduo não direciona sua fé ao líder Kim Jong-un é considerado criminoso político.

Nos 12 estados do norte da Nigéria regidos pela sharia (conjunto de leis islâmicas baseadas no Alcorão) os cristãos relatam negação de direitos constitucionais e oportunidades. Dificuldades de acesso à educação, segurança, provisões e empregos também são pontuadas. Cerca de 30 grupos terroristas islâmicos são ativos no país. O Boko Haram, que pratica assassinatos, mantém cristãos reféns em países como Mali e Burkina Faso e provoca mortes na Sahel e Bacia do Lago Chade, é o principal deles.

De acordo com o pastor N., os terroristas têm agentes infiltrados em todos os setores da sociedade, inclusive no exército. Por isso, sempre são informados sobre possíveis medidas a serem implementadas contra suas ações. “A Nigéria tem sido extremamente perseguida. Os cristãos machucados são levados para o hospital, mas, quando a enfermeira é muçulmana, são deixados para morrer.  Precisamos orar. O Brasil precisa orar pela Nigéria. Muitos dos nossos irmãos estão sendo mortos por terroristas que querem proibir a  pregação do Evangelho”, explicou o líder religioso.

Desde 2006, e com processo acelerado a partir de 2012, a lista da OPA apresentou dados com aumento da perseguição aos cristãos em todo o mundo. Para a Organização, a crescente está relacionada às permanentes restrições estruturais, legais e sociais. Discriminação e hostilidade, além de ataques violentos que resultam na morte de pessoas e destruição de propriedades, também são considerados. Enquanto isso, além de integrarem grupos perversos e autoritários que têm como foco a destruição daqueles que não corroboram com suas crenças, desde muito cedo crianças islâmicas são ensinadas a desrespeitar e desconsiderar a vida de quem professa o cristianismo.

Mas, segundo o pastor N., os cristãos continuarão a exercer o direito de culto e adoração a Jesus Cristo na Nigéria. “Quanto mais nos matam, nós pregamos o Evangelho. Não temos medo da morte. Eu terei uma mansão, que Jesus preparou no céu. O apóstolo Paulo disse: "não temos vergonha do Evangelho”. Vamos continuar a pregar. Jesus Cristo é o Senhor da Nigéria, é o Senhor da nossa nação, é o Senhor Rei dos reis”, concluiu.