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Por que o ENEM é um equívoco?


Para além das questões voltadas ao mecanismo de realização das provas do ENEM, o atual certame é inferior aos vestibulares tradicionais realizados em outrora.

  EDUCAÇÃO  
Por Thaiane Firmino

Foto: Flávio Tavares

Criado pelo ministro da Educação Paulo Renato Souza, em 1998, portanto, durante o governo do socialista Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ENEM tinha por objetivo avaliar a qualidade da educação no país e analisar a estrutura dos ensinos fundamental e médio. A partir de 1999, pouco mais de 90 instituições passaram a considerar o Exame como uma modalidade alternativa de acesso ao ensino superior no Brasil. Naquela ocasião, o certame era composto por 63 questões e, apesar do nível ínfimo, era possível observar que tratava sobre assuntos relacionados às disciplinas elementares.

A ideia de transformar o ENEM na principal porta de entrada para as universidades públicas no Brasil veio à tona uma década mais tarde, através do ministro da Educação, Fernando Haddad, durante o segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - atualmente preso em Curitiba (PR) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Para tanto, a partir de 2009 o processo seletivo passou a aderir o que é pregado pela esquerda; trouxe à tona a estratégia da educação controlada através do viés ideológico; e escancarou a lógica doutrinária ao exigir obediência às suas pautas, extirpar discordâncias e boicotar pensamentos independentes.

Portanto, o ENEM é a materialização da ação ideológica na educação, possibilitada pelo equívoco de se permitir uma escola com partido, um Estado que interfere nas relações orgânicas e uma sucessão de governos apátridas e sórdidos. É imprescindível pontuar ainda que o exame é o segundo maior processo seletivo unificado do mundo, perdendo apenas para o Gão Kão - exame de admissão para o ensino superior na China. Você não é bobo, não é? Sabe como funciona o Estado chinês.

Vestibular era outro nível de processo seletivo. Nas provas era possível perceber a valorização da regionalização, das peculiaridades do local onde a universidade pleiteada estava situada. Vestibular significava uma escolha profissional direta e deixava explícita a disposição do estudante em concorrer a uma vaga para fazer o tão almejado curso que lhe garantiria o diploma na área objetivada. O ENEM é uma espécie de “roleta russa”. O estudante faz a prova e, na maioria esmagadora dos casos, pouco se importa com a profissão que deseja, opta mesmo por aquela que sua pontuação lhe permite conquistar.

Fiz e fui aprovada em quatro vestibulares. Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) e Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Cada um deles tinha características próprias. Os federais contavam com processo seletivo distribuído em duas fases e com provas discursivas (questões abertas). Já os estaduais aconteciam em três dias consecutivos (domingo, segunda e terça-feira), o que contribuia com a linearidade do desafio e favorecia a concentração. As questões eram voltadas às disciplinas de português, literatura, geografia, história, matemática, física, biologia, química e língua estrangeira. As redações propostas variavam entre os gêneros dissertativo e narrativo.

Em nenhum dos vestibulares que prestei foi exigido que eu soubesse sobre a dialética LGBTQ+, muito menos foi imposto que eu assinalasse um item concordando com distorções de valores. Não fui obrigada a fomentar a divisão entre brasileiros. Não fui constrangida a concordar com ideias apátridas. Também nunca foi solicitado que eu concordasse com o que prega o Estado para me dar bem na redação. Na dissertação que fiz no processo seletivo da UFV, por exemplo, discorri de forma contrária ao posicionamento em voga à época e, ainda assim, tirei a nota máxima. Fechei a redação. Ao que parece, o corretor, assertivamente, estava mais preocupado em avaliar a escrita (concordância verbal, acentuação, pontuação e disposição das ideias) do que as minhas opiniões.

Já se passaram quase 10 anos desde que me graduei, mas continuo honrando o compromisso de mapear o Brasil politicamente através do ENEM. É notório que a esquerda infiltrou nas instituições públicas de ensino uma série de políticas que minaram a essência da educação no país. Nas edições do exame isso se materializa através das tentativas absurdas de desmerecer valores morais e cívicos, rechaçar a norma culta da Língua Portuguesa e elevar a linguagem coloquial. Na maioria das questões estão presentes assuntos que fazem parte da agenda ideológica esquerdista (ideologia de gênero; desconstrução da família; relativismo; entre outros). O mais estarrecedor é que tais assuntos são postos como sendo um consenso, quando na verdade são rechaçados pela maioria dos brasileiros, como bem retratou o resultado das eleições presidenciais ocorridas no mês passado.

Apesar de não ser obrigatória a utilização do ENEM e do Sistema de Seleção Unificada (SISU) por parte das universidades, poucas resistem realizando os vestibulares tradicionais. Quem perde são os estudantes dedicados e que prezam pela honestidade intelectual, pois nos moldes atuais, há margem para desconfiar que as provas do exame são feitas com foco na militância de esquerda.

Hoje, sentei à mesa com minha mãe e retomamos esses assuntos. A melhor pedagoga do mundo (e não é um exagero) me lembrou que para chegar a esse ponto a educação no Brasil foi diminuída, acachapada, intencionalmente. Concordamos, então, em alimentar o sentimento de esperança na expectativa de que, a partir do ano que vem, o ENEM se espelhe nos vestibulares e tenha questões voltadas às disciplinas elementares, sem viés ideológico enrustido ou escancarado. A longo prazo, porém, a jornalista que vos escreve clama: “voltem, vestibulares”.
Por que o ENEM é um equívoco? Por que o ENEM é um equívoco? Reviewed by Thaiane Firmino on terça-feira, novembro 13, 2018 Rating: 0

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