Privatizar é ruim?
Anotações sobre privatização.
ECONOMIA
Por Thaiane Firmino
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| Foto: Veja |
O tema privatização sempre gerou polêmica no Brasil. A palavra se tornou vilã no vocabulário nacional nos tempos em que os petistas se declaravam opositores ao governo do socialista Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, assertivamente, o então presidente vendeu empresas estatais para o setor privado com a justificativa de resolver problemas da administração pública. Entre as instituições que foram privatizadas estão Vale do Rio Doce, Light, Banco Meridional, Telebrás e Banespa.
Um dos reveses a serem resolvidos foi o fator competência. Não é novidade que a estabilidade do serviço público faz com que haja negligência na gestão e permite práticas como o empreguismo de apadrinhados e indicações de políticos da base governista. Ao considerar o perfil de gestão adotado pelo governo tucano, que entendia ser o neoliberalismo o melhor caminho para sanar com a improdutividade das empresas administradas pelo governo, as vendas não foram uma incoerência. Afinal, a má prestação de serviços e o desperdício de dinheiro do contribuinte devem ser substituídos por empresas privadas, pagadoras de impostos e, portanto, geradoras de riquezas.
Apesar do ideal socialista com base sindicalista, defendido pelos oposicionistas à época, ao assumir o comando do país, em 2002, eles mudaram de ideia. Ao contrário do que muita gente pensa, o governo Lula (PT) e, posteriormente, o governo Dilma (PT), também privatizaram. O fato que merece destaque aqui é que ambos criticavam, ferozmente, as decisões tomadas pelo governo na década da 1990. Inclusive, privatização é um tema constantemente utilizado pelo PT para promover o “terrorismo eleitoral” em períodos de campanha.
Lula privatizou o Banco do Estado do Ceará, o Banco do Estado do Maranhão e oito concessões de rodovias, incluindo a Régis Bittencourt e a Ponte Rio-Niterói. Dilma, apesar de se intitular estatista, iniciou pacotes de concessões para melhorar a infraestrutura de rodovias e cinco aeroportos foram privatizados, incluindo o Juscelino Kubitschek, em Brasília, e o Internacional Viracopos, em Campinas (SP).
É muito comum os contrários à privatização defenderem que o país precisa possuir instituições que representem a nação, a exemplo dos aeroportos nos EUA, que são estatais, e da British Broadcasting Corporation (BBC), no Reino Unido. O ponto fundamental para enfraquecer essa ideia no âmbito brasileiro fica por conta da corrupção - e o Petrolão está aí para confirmar isso. Nos países citados os gestores das empresas públicas são profissionais gabaritados, escolhidos de forma impessoal. A gestão adota princípios de governança corporativa típica de empresas privadas de capital aberto. No Brasil, infelizmente, sabemos que esse formato não funciona. Por aqui impera o “jeitinho brasileiro”, ou seja, desconsidera-se a supremacia do bem público.
Diz aí, privatizar não é tão ruim, assim. Se não no discurso, na prática até os socialistas já reconheceram isso. Privatiza, já!
Privatizar é ruim?
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terça-feira, março 24, 2015
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