O país mudo, não muda
Manifestações ocorridas no Brasil e no exterior demonstraram repúdio à corrupção e insatisfação com governo Dilma.
POLÍTICA
Por Thaiane Firmino
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| Foto: Veja |
Que a cesta básica está mais cara, que o preço da gasolina já é uma afronta e que os impostos são cobrados de forma abusiva, não é novidade. Também não têm sido incomum acompanhar, diariamente, novos fatos relacionados à corrupção na Petrobras e no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O intrigante é que o governo ignora tudo isso e, através de seus representantes, vai à rede nacional afirmar que quem protestou neste domingo não votou em Dilma (PT).
É imoral a postura assumida pelo governo federal. Além de não reconhecer os erros de gestão, tenta ludibriar a população pintando o quadro de uma crise passageira, quando todos sabem que o país está à beira do precipício. Ao invés de respeitar os protestos e entendê-los como exercício da liberdade de expressão, os petistas preferem rotular seus oposicionistas de “coxinhas”, “elite branca” e “moradores de varanda gourmet”. Dessa forma, tentam atribuir o caos as diferenças sociais e étnicas.
Antes de sair às ruas, a indignação da população, referente aos mandos e desmandos que ocorrem no país, foi extravasada através dos chamados panelaços. O primeiro deles aconteceu no dia 8 de março, no momento em que a presidente da República se pronunciava pedindo calma e fazendo promessas como se estivesse em pleno período eleitoral. O povo não suportou acompanhar mais um dos discursos preparados pelo marqueteiro petista, João Santana, com devaneios sobre um tal “país das maravilhas”, protagonizado por Dilma.
Revoltados contra o sistema inoperante, insatisfeitos com o mal gerenciamento de programas educacionais e em estado de alerta quanto as estratégias governistas para implantação do bolivarianismo, os brasileiros foram às ruas usando verde e amarelo. Frases como “Fora, Dilma”, “Abaixo Foro de São Paulo”, “Chega de corrupção” e “Impeachment Já”, estampavam os cartazes. Rostos pintados com as cores da bandeira nacional e adereços, como nariz de palhaço e cornetas, externalizaram o vergonhoso cenário político e econômico que o país vivencia.
Apesar da insatisfação demonstrada pela população, a postura adotada pela presidência é a mesma. Fingir que nada está acontecendo é o que tem feito a petista. Dilma atribui a autoria das manifestações aos mais abastados, ignora o clamor popular contra a alta dos impostos, rejeita o lamento dos motoristas quanto ao preço do combustível e justifica que a corrupção é “uma velha senhora” presente na política brasileira. Condescendência entre essas senhoras é algo que o Brasil já provou existir.
A estratégia do PT
Mas, apesar da aparente segurança, o PT já percebeu que seu maior projeto pode ruir. O objetivo do partido é prolongar sua estadia até 2018, para daí em diante não abandonar mais o posto. Já tratamos sobre isso no artigo “Reunião de esquerdistas. O que está por trás do Foro de São Paulo?”. Esse plano fica evidente através de medidas tomadas e/ou adotadas em oportunidades estratégicas. É algo arquitetado para que o controle total do país seja executado de forma sorrateira.
O não cumprimento do resultado do referendo do desarmamento (2005), os decretos assinados na surdina para beneficiar corruptos, os empréstimos de dinheiro público para países onde o estilo governamental compactua com o jeito petista de ser (Cuba, Venezuela, por exemplo), as ações secretas do BNDES, a tentativa de regulamentação da mídia, entre outras coisas, não são decisões isoladas. Todas essas iniciativas são mascaradas e estão abrindo o caminho para o que o governo chama de reforma política que, em outras palavras, nada mais é do que um golpe.
“No fundo, o que eles querem é colocar as garras em nossa Constituição e revogá-la, com o argumento de que precisamos de um novo ordenamento para resolver de uma vez por todas os problemas sociais, políticos e econômicos do país. Fazer reforma política é mexer na base jurídica constitutiva do Estado. Eles vão querer mexer nas bases da nossa democracia, ferindo, certamente, os princípios de participação e autonomia dos poderes, para ser juridicamente possível o governo de um só, legitimando o que na prática já acontece: a subordinação das Cortes, e de grande parte do Congresso, ao serviço do Executivo. Isso tem nome: governo totalitário”, resume a jornalista Anna de Oliveira.
Educação amplia
Apenas através da educação as pessoas conseguem ampliar seus horizontes. Na ausência dela, os cidadãos enxergam benefícios sociais como doações governamentais e não percebem o voto como livre e secreto. O país não pode se acostumar com essa política fajuta que nivela por baixo. A nação precisa de investimento nos alicerces do processo educativo para evitar que melindrosos lucrem com remediações no final do circuito. Hoje, o retrato que se tem é nefasto. Professores são impedidos de reprovar alunos, mesmo identificando sérias incompetências de nível. E não é apenas nas escolas primárias que a coisa corre frouxa. Facilitar o trajeto dentro dos cursos técnicos e das universidades também é praxe desse governo. Dessa forma, a educação sucumbe e a máxima popular do “você finge que me ensina e eu finjo que aprendo”, vigora.
Com precariedade na educação, corrupção como padrão governamental e melindres sendo postos em ação para cercear a democracia, resta ao povo ir às ruas. Ocupar os espaços públicos parece ser o melhor jeito de dar um basta nesse governo sangue frio que já garantiu “fazer o diabo” para impor seu plano. A bandeira brasileira é verde e amarela, não há espaço para vermelhidões. Ela representa uma nação, não partidos. Desenha ordem e progresso, não desordem político/econômica. Fala sobre democracia, não prega bolivarianismo, comunismo ou ditadura. Respeitemos. Respeitemo-nos.
O país mudo, não muda
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terça-feira, março 17, 2015
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