Mais da metade do Brasil poderá ficar sem água em 2015

O relatório da ANA foi divulgado em 2011. Há décadas os problemas de escassez de água estão previstos, mas nenhuma medida preventiva em larga escala foi tomada.    

  MEIO AMBIENTE  
Por Thaiane Firmino

Foto: G1

A Agência Nacional de Águas (ANA) divulgou, no ano de 2011, um balancete com análise de oferta e demanda de água para os 5.565 municípios brasileiros. O resultado do estudo apontou necessidade de medidas urgentes para evitar a falta de abastecimento em metade deles no ano de 2015. Aparecem na lista grandes cidades como Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e Distrito Federal, além de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Essas últimas, mesmo antes da data prevista, já vivenciam caos no abastecimento hídrico.

Cerca de 125 milhões de pessoas serão afetadas com a falta de água. Segundo o diretor-presidente da ANA, Vicente Adreu, o maior problema é a falta de conscientização da população no uso do recurso. "Existe uma cultura da abundância de água que não é verdadeira, porque a distribuição é absolutamente desigual", contou. Na região Nordeste o fator que mais contribui para a crise é a escassez de chuvas. Na localidade, apenas 18% da população urbana é atendida por sistemas de abastecimento satisfatórios. O Norte do país não fica atrás. Por lá, menos de 14% dos habitantes tem acesso a distribuição de forma regular.

Para evitar a ausência definitiva de água própria para o uso, a ANA apontou, há três anos, que seria necessário investimento de mais de 22 bilhões de reais. Quantificou também que, desse valor, a maior parcela deveria ser investida nas capitais e grandes regiões metropolitanas, além do semi-árido nordestino. Estamos em 2014 e estados como São Paulo e Rio de Janeiro já vivenciam o apocalipse da falta de água nas torneiras. "As vezes chego em casa às 23h, após um dia inteiro de trabalho, e não encontro água", disse o educador físico Lúcio Seibert, morador da zona sul da capital paulista.

O levantamento da Agência também apontou necessidade de investimentos significativos em coleta de lixo e tratamento de esgotos. Mas, o governo federal optou por adiar, em até oito anos, o prazo para que os municípios regularizem a situação dos seus aterros sanitários. Por que? Ah, simplesmente porque ficou preocupado com a possibilidade de prefeitos virarem alvo de ações judiciais em pleno ano eleitoral e não poderem se candidatar à reeleição.

Dono do maior potencial hídrico do planeta, o Brasil agora indaga: quem vai pagar essa conta?!