Ditadura velada: demissão de funcionários do Santander retrata a realidade vivida no Brasil

O ex-presidente Lula (PT) disse que a responsável pela análise não entendia nada de Brasil. E conclamou: "Pode mandar ela embora e dar o bônus dela para mim”. O Santander atendeu ao pedido. 

  POLÍTICA  
Por Thaiane Firmino

Foto: Folha Política

Um informe enviado no mês de julho aos correntistas de alta renda do Banco Santander, com uma análise da vida econômica do país, levando-se em consideração a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), resultou na demissão de quatro funcionários. O estudo aponta que a vitória da presidente-candidata nas eleições 2014 ameaçará a economia do Brasil.

O Partido dos Trabalhadores (PT) entendeu, equivocadamente, que tratava-se de “terrorismo eleitoral”. Ao que consta, o partido não sabe lidar com opiniões divergentes e que desmistifiquem as posturas adotadas por ele. Entre manter os bons profissionais em seu quadro ou agradar ao governo, a diretoria do Santander escolheu a segunda opção. Assim, não apenas um, como havia sido divulgado até então, mas quatro analistas foram demitidos.

E não é de se espantar que o banco tenha optado por perder funcionários gabaritados, a exemplo de Sinara Polycarpo Figueiredo, que era a superintendente da área Select, focada nos clientes com renda acima de R$ 10 mil por mês. A especulação de boicote contra o Santander, por parte do governo, circulou não apenas no mercado financeiro, mas também em notícias e memes nas redes sociais. Mas, alguém aí esperava outra postura de um partido que, conforme o Decreto 8.243, editado pela Presidência da República, visa o controle total do país?

Cerceamento. Essa é a palavra que impera no Brasil por esses tempos. E, ao contrário do que pode imaginar o senso comum, essa proibitiva não domina apenas os meios de comunicação. A prova está aí. Apesar do vice- presidente de Comunicação, Marketing, Relações Institucionais e Sustentabilidade do Santander, Marcos Madureira, em entrevista à Folha de S. Paulo, ter  afirmado que não recebeu pressão externa, o saldo do processo vivenciado o desmente. O Santander assumiu ter cometido um erro e pediu desculpas publicamente, mas não convenceu. Aliás, as demissões confirmaram apenas o que já se sabe sobre o Brasil: o país vive uma ditadura, por enquanto, discreta, mas bem indiscreta.

Quatro demitidos? A essa hora a presidente-candidata deve estar mais tranquila e dedicando-se apenas a formular respostas para as perguntas dos jornalistas sobre a farsa da CPI da Petrobras. Ou não. Afinal, naquela terrinha lá, quem comanda sempre consagra a fuga com um “eu não sabia”. Mas, é sempre bom lembrar: nem para tudo existe gabarito, Dilma.