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Tatu-bola ou Fuleco?



Decepcionadas com a FIFA, mais de 29 mil pessoas já assinaram petição online em favor do Tatu-bola.

  ESPORTE  
Por Thaís Firmino

Foto: Clive Rose

Em setembro de 2012, a Federação Internacional de Futebol (FIFA) divulgou qual seria o símbolo oficial da Copa do Mundo de 2014, sediada no Brasil. O Tatu-bola-da-caatinga (Tolypeutes tricinctus) logo tomou forma de produto e foi batizado com o nome de Fuleco, tendo sua imagem espalhada por todo o mundo. Mas, se um mascote geralmente suscita forte carisma com o público e muitas vezes torna-se o representante principal em campanhas publicitárias, a da FIFA sumiu dos estádios brasileiros durante o mundial. O público percebeu sua ausência e começou a perguntar: “Por onde anda Fuleco?”. Questões ecológicas e éticas estão sendo pautadas em torno da relação entre a mascote e sua inspiração.

O Tatu-bola, particular das áreas de Cerrado e Caatinga no Nordeste do Brasil, possui uma característica que o levou a ser escolhido como mascote da Copa, em detrimento de sugestões como onça, arara e jacaré. O diferencial é que o animal, quando ameaçado, encurva-se e assume o formato de uma bola, a fim de escapar dos predadores naturais. A proposta para torná-lo a mascote do Mundial foi da Associação Caatinga (AC), entidade não-governamental e sem fins lucrativos, que desenvolve campanhas e projetos, como o ‘Eu projeto o Tatu-bola’, a fim de reverter o risco de extinção do animal. Com a decisão da FIFA em favor da utilização do mamífero, defensores da espécie comemoraram e acreditaram que esse seria um grande passo para a maior conscientização e aplicação de medidas de proteção ao animal. Não foi o que ocorreu.

O anúncio de que deve ser lançado um Plano Nacional de Conservação do Tatu-bola, com duração de cinco anos, foi a única possibilidade de benefício apresentada até o momento. Segundo o diretor-executivo da AC, Rodrigo Castro, um milhão de pelúcias da personagem estão sendo fabricadas na China, mas nenhum recurso da venda será destinado ao plano de conservação. “O tatu-bola deu vida ao Fuleco, só que o Fuleco não está fazendo nada pelo Tatu-bola, que continua uma espécie extremamente ameaçada e muito vulnerável. Quando sonhamos com ele sendo a mascote da Copa, imaginávamos que seria um dos principais porta-vozes da questão e ajudaria na luta pela sobrevivência da espécie. Mas, de concreto, não mudou nada. A FIFA usou o argumento de utilizar um animal ameaçado como mascote, mas não deu nada em troca. Isso não é ético", afirmou.

Segundo Castro, uma das propostas da Associação Caatinga consiste em que o Fuleco faça discurso sobre o Tatu-bola e as ameaças ambientais por ele sofridas, a fim de conscientizar as pessoas. Houve ainda solicitação para que informações do mamífero fossem vinculadas aos produtos da Copa. Porém, de acordo com ele, a FIFA não se mostra disposta a envolver campanhas ambientalistas no Mundial. Ao ser pressionada por uma agência de notícias britânica, a Federação Internacional demonstrou distanciamento do fato e alegou que a escolha do Fuleco já "ajudou a aumentar a consciência sobre o Tatu-bola e seu status de espécie vulnerável no Brasil". Em entrevista ao The Guardian, Felipe Melo, co-autor de artigo amplamente divulgado, que critica a FIFA e o governo brasileiro por não fazer melhor uso da mascote para promover conservação do meio ambiente, afirmou que o Fuleco tem uma "grave falta de retornos efetivos para a conservação de sua espécie” e alegou que a Federação não cumpriu com o planejado.

O jornalista Henry Nicholls, que escreve para o The Guardian, New Scientist , BBC Wildlife, BBC Focus, Animal Magic, entre outros veículos de comunicação, após finalizar matéria para o The Guardian sobre a incoerência entre Fuleco e Tatu-bola, aderiu a campanha da Associação Caatinga ("Eu projeto o Tatu-bola”) e desenvolveu petição online em favor da espécie. A proposta é entregar o documento, que já possui mais de 29 mil apoiadores, para o gerente de responsabilidade social corporativa da FIFA, Federico Addiechi. No pedido, o jornalista solicita o apoio à Caatinga, um dos últimos redutos do mamífero, composto por mais de 800 mil quilômetros quadrados, dos quais apenas 1% é considerado área de proteção. “Em nome de Fuleco, uma fusão das palavras "Futebol" e "Ecologia", exorto a FIFA para aproveitar esta oportunidade de ganha-ganha”, concluiu.

Assim, segue a Copa do Mundo mais rentável da história. Com lucro estimado em 5 bilhões de dólares, apenas uma partida dos times mais mal colocados da competição pagariam todo o projeto em benefício do Tatu.
Tatu-bola ou Fuleco? Tatu-bola ou Fuleco? Reviewed by Thaiane Firmino on sexta-feira, julho 04, 2014 Rating: 0

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