Descarte inadequado de medicamentos pode causar danos severos à saúde e ao meio ambiente

De acordo com estudo realizado pela BHS, um quilo de medicamento descartado via esgoto pode contaminar até 450 mil litros de água.

  MEIO AMBIENTE  
Por Thaiane Firmino

Foto: Senado Federal

O descarte incorreto de medicamentos vencidos ou em desuso causa transtornos ao meio ambiente. Rejeitar remédios no lixo comum ou no vaso sanitário também pode gerar impactos negativos na saúde de seres humanos e animais. De acordo com estudo desenvolvido pelo Brasil Health Service (BHS), a concentração de hormônios derivados de resíduos fármacos são capazes de afetar gravemente rios e lagos. Estatísticas levantadas em 2010 mostraram que um quilo de medicamento descartado via esgoto pode contaminar até 450 mil litros de água.

De acordo com a bióloga responsável pela Unidade de Gestão Ambiental (UGA) da Fundação Ezequiel Dias (FUNED), Fabiana Barbosa, os impactos do descarte inadequado são graves e precisam ser debatidos com seriedade pelo poder público e pela sociedade civil. “Quando liberados no sistema de esgoto os resíduos químicos dos medicamentos acabam diluídos na água e é praticamente impossível que sejam eliminados pelo processo de filtragem. Ou seja, a água é contaminada por esses agentes e retorna aos fluxos hídricos concentrada de resíduos”, explicou.

Quando liberados em lixo comum, os componentes químicos dos fármacos seguem para os aterros sanitários. Caso o local não possua impermeabilização correta, os medicamentos descartados atravessam os meios e, além do solo, contaminam os lençóis freáticos. Segundo o farmacêutico Javier Gamarra Júnior, no Brasil ainda não há emprego de tecnologias para remover restos de medicamentos das águas. "Há traços de fármacos na água potável e de abastecimento à população. A gente acaba tomando medicamentos sem querer e isso pode gerar danos ambientais e à saúde”, pontua.

Baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016 a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) estimou que nos municípios com mais de 100 mil habitantes o descarte inadequado de remédios cresceria de 2.474 para 3.123 toneladas até 2018. Um dos fatores considerados pela pesquisa foi o aumento do consumo de medicamentos. Diante do cenário, fabricantes, fornecedores e distribuidores de fármacos e insumos farmacêuticos foram alertados quanto à necessidade de destinar os resíduos através de logística reversa.

Apesar da legislação brasileira não tratar sobre o descarte dos medicamentos que passaram da data de validade ou estejam sem uso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305/2010, assegura a obrigatoriedade de destinação final correta dos resíduos gerados pelo consumo. Para tanto, o método mais adequado é o retorno do refugo ao fabricante. Por isso, é fundamental que o consumidor esteja atento e encaminhe o remédio a ser descartado para um dos pontos de coleta espalhados pelo Brasil.