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O que está por trás da campanha da seleção campeã do mundo?



Resposta: o brasileiro.   

  ESPORTE  
Por Thaiane Firmino

Foto: Mário Bittencourt

A seleção alemã marcou a história das copas do mundo. Planejamento e mudança de público-alvo foram os segredos. Antes mesmo do campeonato mundial começar, o marketing começou a aparecer. É necessário reconhecer a competência dos profissionais de estratégia que atuaram para os principais jogadores da equipe, desde ações publicitárias à media training. Com discurso discreto no início, os “gringos” transpareceram ser canal de alegria não apenas para a Alemanha, mas também para o país sede da Copa do Mundo da FIFA 2014.

No afã de um Brasil revoltado com a sua realidade interna e que atrelava (com razão!) política com futebol, conforme se viu na Copa das Confederações, a Alemanha percebeu com astúcia que o povo brasileiro poderia acatar uma outra equipe no coração. Sim, no coração, afinal, ao que parece, por aqui a população é bem passional. Com a frase: “Vocês nem imaginam o quanto de Brasil existe dentro de nós”, em um vídeo publicado na página da seleção alemã em uma mídia social, a base de fãs brasileiros aumentou, consideravelmente, antes mesmo da bola rolar.

Vestir as cores do time com maior número de torcedores no Brasil também não foi em vão. Seria ingenuidade acreditar que o uniforme reserva da seleção alemã foi feito apenas para homenagear o Flamengo. Não por acaso, quando não aconteceram no Rio de Janeiro (RJ), os jogos dos germânicos foram disputados exatamente onde os campeonatos estaduais são enfraquecidos, e por isso, o time carioca possui milhares de torcedores. O crescimento na venda da camisa alemã aumentou em 30%, comparado com a Copa que o país sediou (2006). Ah, falta dizer que a Adidas é a fornecedora de materiais da Alemanha e do Flamengo.

A estadia

A contratação de mão de obra local para construção do reduto dos milionários jogadores durante a Copa, em Santo André, distrito de Santa Cruz Cabrália (BA), foi a tacada, ou melhor, a jogada de mestre. Em apenas cinco meses uma estrutura digna de aplausos foi erguida e finalizada. Um exemplo para o Brasil, sobretudo quando levamos em consideração as obras de mobilidade urbana prometidas pelo governo federal para a "copa das copas", que sequer chegaram a ser concluídas apesar do extenso prazo.

Mas, e quem trabalhou nas obras? Foi um serviço à “pão de ló”? Fotos do jornalista Mário Bittencourt, divulgadas pela agência de notícias Folha Press, comprovam que não. “Neste domingo eu torci para Argentina por dois motivos. Primeiro porque é um país latino. Segundo porque não gostei de nada do que vi na obra do Campo Bahia da Alemanha [como ficou conhecido o centro de treinamento da equipe alemã]. Basta só dizer que operários levavam comida de casa e bebiam água amarela de poço. Um país rico como a Alemanha tem condições de dar aos operários que constroem suas instalações, ao menos, comida e água”, afirmou Bittencourt.

E o tal Centro de Treinamento (CT) foi mesmo uma construção inteligente. Ao contrário do que se espalhou rapidamente pelas redes sociais, o luxuoso CT não será doado para transformar-se em uma escola para os moradores da circunvizinhança. Agora, pós Copa, o local será transformado em um empreendimento turístico. Entre outros projetos, a ideia é que o estabelecimento integre uma escola internacional de hotelaria. Geração de emprego e renda para a população local? Vamos esperar para ver.

Mas, a estratégia mais marcante foi a proximidade com os nativos. Falar português, elogiar o Brasil, dançar com os índios Pataxó de Coroa Vermelha, tirar fotos com o povo e conversar amigavelmente, demonstrou humildade. Publicar o cotidiano com os brasileiros nas redes sociais virou a “arma” mais utilizada. Mas, não é bom adjetivarmos nada por aqui com palavras que remetem à guerras e atrocidades, afinal, o alemão duro e disciplinado já não existe na memória (curta) do brasileiro e a lógica publicitária confiou nisso desde o início.

Não de todo errado, o marketing alemão percebeu que para arrancar sorriso de brasileiro é necessário muito pouco. Para um povo simpático, mas com o mal costume de se contentar com “bolsas michas”, um cheque no valor de R$30 mil reais garantiu risos e gargalhadas. Ah, e claro, fez surgir uma irmandade (desde a infância) entre Brasil e Alemanha. Boa parte dos torcedores da seleção brasileira optou mesmo por vibrar pela equipe alemã, a mesma que massacrou o timinho do Brasil em campo por 7x1. O algoz foi preferido, em detrimento ao suposto arquirrival. Ao que parece, a frieza alemã parece ter sido adotada pelo brasileiro nesse quesito. O amor próprio foi substituído pelo desejo de vingança. Assim, eles levaram o título e o brasileiro ficou feliz.

Aí, você até pode escolher acreditar que os alemães se apaixonaram desesperadamente pelo Brasil, pelos brasileiros e pelas “brasilidades”. Você até tem a alternativa de imaginar que a altivez e o estigma de superioridade deles já não existem. Mas, continuo acreditando que a estratégia de marketing cumpriu o seu papel, com eficácia e eficiência.
O que está por trás da campanha da seleção campeã do mundo? O que está por trás da campanha da seleção campeã do mundo? Reviewed by Thaiane Firmino on segunda-feira, julho 14, 2014 Rating: 0

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